segunda-feira, 4 de julho de 2011

Entrevista com Mariela Castro, sobrinha do Fidel



ENTREVISTA DE MARIELA CASTRO COM O PROGRAMA "A SÓS" DE ATUALIDADE RT, 2 DE JUNHO DE 2011.

"Elena Rostova: Quando falamos de Fidel Castro, o mundo inteiro imagina esse herói, essa figura legendária que ousou fazer frente contra o império norte-americano. Para você, é somente tio Fidel, ou segue vendo a ele como uma figura?

Mariela Castro: Não. Quando eu era menina, sim era tio Fidel, mas a medida em que, já depois da adolescência e da juventude, fui me dando conta com mais clareza de quem era Fidel, no sentido histórico e para o povo de Cuba, já comecei a vê-lo como Fidel, como todo mundo.

ER: E surgiu certa distância?

MC: Sim, surgiu uma distância com respeito e, além disso, me dignificava ver Fidel como líder e não como tio. Sentia que era mais digno. È como crescer e dar-se conta: essa pessoa não é teu tio, essa pessoa tem uma responsabilidade social que te coloca em uma relação diferente diante dele.

ER: Junto com sua família, você teve a oportunidade de ver grandes figuras do século XX, entre outros Che Guevara visitava sua casa. Como os olhos de uma menina viam-no? Que lembranças tem de Che?

MC: Causavam-me muita simpatia todos os amigos de meu pai. Todos pareciam-me preciosos, atrativos, desde muito pequena eu era muito comunicativa e queria estar perto [deles] para escutá-los falar. E eu tenho uma lembrança muito clara de Che. Uma vez estavam fazendo um churrasco, estavam todos reunidos ao redor da carne, conversando, ainda vestidos de verde-oliva, e a lembrança que eu tenho do Che é que eu gostava muito dele, e eu queria sempre chegar nele cuidadosamente para que meu pai não brigasse comigo por estar incomodando enquanto eles estavam ali conversando. E eu chegava feliz, iluminada onde estava o Che, porque lembro que era muito terno. Um homem muito terno que sabia tratar as crianças. E para as crianças isso é importante, as pessoas que sabem tratar. E eu tenho assim uma lembrança muito especial, fascinada de como era ele, de quem era ele, e todo o demais foi alimentando-se com as imagens posteriores, claro.

Mas quando eu contava essa cena a minha mãe, ela se surpreendia e me dizia: Como podes lembrar, se tinhas dois anos? Mas era assim mesmo, eu lhe descrevia toda a situação, que meu pai brigou comigo e então... "sim, foi assim mesmo, como é que podes te lembrar?", me dizia. Bem, as coisas especiais não se esquecem. Che era uma pessoa impactante.

Fonte: Diario Liberdade

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